Campos Altos

Ladeado pelas serras da Canastra, Saudade, Marcela do Urubu e do Salitre, o
município de Campos Altos está localizado na região do Alto Paranaíba, nos mares de
morros entre as planícies do Oeste de Minas Gerais e do Planalto Central.
O processo de ocupação luso-brasileira da região do Alto Paranaíba e do Noroeste de
Minas Gerais teve início em fins do século XVI. As primeiras expedições foram motivadas
pela necessidade de reconhecimento e mapeamento territorial, em busca de metais preciosos,
drogas do sertão e escravos indígenas. Até a segunda metade do século XVII, houve diversas
expedições, como a de Manoel de Campos Bicudo, Bartolomeu Dias, “o Anhanguera” e de
Lourenço Castanho Taques, com a trajetória saindo de São Paulo, passando pelo atual Oeste
de Minas até os sertões de Goiás. Mas poucos foram os vestígios de ouro encontrados e sim
numerosos confrontos entre grupos indígenas que já habitavam a região (cataguases, caiapó,
bororó, Araxá) e os colonizadores (1).
Porém, a descoberta de ouro e pedras preciosas na região central de Minas Gerais, na
segunda metade do século XVII, mudou definitivamente a história do Brasil Colonial e
também da Metrópole Portuguesa. Legiões de imigrantes portugueses, de outros países
europeus e de modo forçado do comércio negreiro da África vieram em busca dos metais
preciosos. Com as expedições gerou-se um fluxo de circulação de mercadorias e indivíduos,
na procura de melhores condições de vida. Devido a essa euforia em alcançar o
enriquecimento rápido, logo no início do século XVIII ocorreu a “Guerra dos Emboabas
(forasteiros)” na qual os paulistas reivindicaram direitos do seu pioneirismo na descoberta
das jazidas auríferas. Começou um conflito civil contra todos os aventureiros, forasteiros
portugueses e de outras regiões do Brasil, considerados intrusos, indesejáveis e concorrentes
dos bandeirantes. O conflito gerado pelo direito de explorar minas motivou tanto
bandeirantes como forasteiros a romperem novas matas em outras direções. Por outro lado, a
coroa portuguesa tentava acompanhar esse desbravamento por meio de entradas ou
picadas (caminhos). Assim, em meados do século XVIII, o Conde de Valadares criou um
Terço de Infantaria Auxiliar para patrulhar os sertões de Piumhí, Bambuí e Campo
Grande.(2) Campos Altos pertencia ao Sertão do Campo Grande.
Um dos primeiros sertanistas, no início do século XVIII, a descobrir jazidas de ouro
no Rio Vermelho, afluente do Araguaia, na cidade de Goiás, foi Bartolomeu Bueno da Silva,
“o Anhanguera”. Em 1736, o governador de Minas, Gomes Freire de Andrade, autoriza
licenças para sesmarias aos “abridores da Picada de Goiás”, nascia daí a civilização do
Oeste .
A base da mão-de-obra utilizada na exploração de metais preciosos era escrava
obtida pelo tráfico negreiro e por práticas africanas de trabalho compulsório. Os negros
resistiam à situação de escravo fugindo do alcance de seus Senhores, se organizando em
comunidades de difícil acesso, os chamados quilombos (significa fortaleza na língua banto).
Em meados do século XVIII, escravos fugidos da região de São Del Rei e outras vilas
mineradoras, encontraram refúgio na região de Campos Altos. Fundaram vários núcleos de
resistência na região, como quilombo da Marcela, do Bambuí, Indaiá, etc. A Coroa
Portuguesa denominava a área de Sertão dos Quilombos do Campo Grande, devido ao
grande número desses refúgios. Os maiores foram duas povoações com o mesmo nome:
Quilombo do Ambrósio. Na divisa entre os municípios de Campos Altos e Ibiá está situado
as ruínas do Segundo Quilombo do Ambrósio(3), que foi destruído em 1759 por Bartolomeu
Bueno Prado